quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O mundo do rock ainda precisa do Black Sabbath


Começo apregoando contra o sentido saudosista do título acima. Afinal música é eterna. Mesmo que músicos morram, que bandas se aposentem, sua obra ficará pra sempre e sempre será ouvida e resgatada por todas as gerações vindouras. Se, claro, ela tiver conteúdo e relevância. Os Beatles lançaram o último disco em 1970 (há 43 anos), Led Zeppelin em 1980, Hendrix em 1970, Cream em 1969. E todos eles ainda ecoam e povoam aparelhos e ouvidos de muito apreciador de música, desde um teenager até um sócio da terceira idade.

Muita gente costuma insistir que, da década de 1990 pra cá nada se produziu de qualidade em termos de rock. Invariavelmente, são pessoas que focam seus gostos e interesses nas músicas de décadas anteriores a esta. À luz da minha humilde análise, música boa não tem época. Pode ter sido criada 50 anos atrás ou na semana passada. Evidentemente, no mundo do rock, alguns artistas são seminais, forjaram padrões de arranjos, harmonias e produção, no que se convencionada chamar-se de “estilo”. Mas não nos esquecemos de que o próprio Led Zeppelin quando surgiu foi taxado de plagiador, por se utilizar de linhas anteriormente concebidas de blues em cima delas criar novas tendências de efeitos e melodias. Então, música é transformação. Se você gosta de algo novo, que te traga prazer e diversão, não tem problema. Música é pra isso mesmo. Pelé não joga mais, mas ainda podemos ter momentos de regozijo futebolísticos com Neymares e Messis de hoje em dia, num ensaio metafórico.

Então porque abrir este texto com tal título “O mundo do rock ainda precisa do Black Sabbath”? Simples. O Sabbath, na visão acho que da maioria, criou o heavy metal. Lançou discos brilhantes e fez shows poderosos nos anos 1970. E depois dele, muita coisa se desenvolveu e se expandiu no mundo da música. Mas, em 2013, eis que 3/4 da banda originou concebeu “13”, um disco de estúdio com faixas inéditas. E o resultado mostrou que a banda soube explorar o máximo da tecnologia de produção contemporânea para mostrar ao mundo do rock que ainda tem poder de fogo em termos de composição. Então o universo do rock dos dias de hoje pode entender que talento não tem idade. É uma amostra analógica de que o rock é eternamente jovem, e é concebido na junção atmosférica dos elementos energia, alegria e melodia. Seja de Chuck Berry, seja do ultra-hiper-pesado-death-grind-noise, seja do viajante-alucinógino-progessivo, seja do alegre-hair-happy-colorido-rock.

Além disso, o Sabbath começou uma (que pode ser a última) turnê de sua vida. O Ozzy não é mais o mesmo, não tem mais aquela disposição? Claro que não. Tem 64 anos e uma vida de excessos que o tempo não tarda em cobrar. Mas e daí? As performances estão longe de serem constrangedoras ou degradantes. Além disso tudo, essa história toda de disco novo e turnê da formação (quase) original dá ao rock e ao metal uma exposição significante no mundo do showbizz musical. Quantos novos garotos não vão conhecer e talvez se interessar por esses velhinhos e sua música pesada. E, até onde a idade permitir, porque não pensar na maravilhosa ideia de uma coexistência de artistas sessentões (setentões, certo Macca e Jagger?) a nomes não tão experientes mas ainda históricos (a turma dos 80) e às bandas surgidas nas últimas décadas?

O mundo do rock precisa do Sabbath para evidenciar e relembrar sua história. Assim como precisa do Floyd, AC/DC, Purple, Who, Queen e uma infinidade de monstros sagrados. Estejam eles compondo coisas novas e tocando por aí ou não. Mas, não exijamos muito de nosso raciocínio: velho ou novo, só estará em evidência se existir alguma novidade acerca de sua obra. Não necessariamente uma turnê, como provou o “Celebration Day” do Led.